11 de março de 2015

Pássaro da Tempestade, livro I da Guerra das Rosas, de Conn Iggulden

 Sinopse: Quando o rei Henrique VI enfim ocupa o trono da Inglaterra, todo o reino é abalado. Sua saúde debilitada e seu espírito fraco são notórios na corte, e, dessa forma, é responsabilidade de seus homens de confiança garantir a segurança da Coroa.
 A pedido de Henrique, o espião-mor Derry Brewer e William de la Pole, duque de Suffolk, propõem um armistício com a França através de um casamento arranjado com Margarida de Anjou, jovem da nobreza francesa. Porém, nem todos veem esse acordo com bons olhos, e assim nasce uma conspiração, liderada por Ricardo Plantageneta, duque de York, que deseja destronar o rei e ocupar seu lugar.
 É o início de um período sangrento ma Inglaterra, uma guerra civil com alianças e traições na qual a morte está sempre à espreita.

 Aviso: Tentei evitar ao máximo colocar Spoilers, mas talvez tenha um ou outro. Você foi avisad@.

 Opinião: Essa já é o terceiro post de opinião essa semana. E desta vez irei falar de um livro que tinha tudo para ser incrível, mas que pecou com algumas coisas, principalmente sobre os acontecimentos que rodeiam a trama. Fora isso, o livro é muito bom; o desenvolvimento dos personagens são fascinantes e a trama que os envolve é incrível. Não sei se sabem , mas eu sou fascinado por guerras, no sentido de estudá-las e ver o seu desenrolar, o que foi feito para que elas acabassem, o que deu certo e o que deu errado, mas isso é conversa para outro dia.
 Pássaro da Tempestade é o primeiro livro de Conn Iggulden que leio, e já achei a escrita dele muito fo**, comparada ao nosso querido tio Bernard (tenho que ler algum livro dele esse ano, quem sabe um Você Escolhe com o tio Bernard de novo?); desde uma simples escaramuça até a maior batalha, Iggulden nos prende; e as descrições das batalhas possuem tantos detalhes que poucos conseguem fazer igual. Mas como já disse anteriormente, Iggulden peca em não falar diretamente o que está acontecendo, em relação ao período histórico, no livro. Alguns poderão dizer que ele coloca duas datas em duas partes do livro, mas aí quem não sabe/lembra o que aconteceu naquele período tem que pesquisar sobre. O livro começa com a morte do rei Eduardo III em um período de plena Guerra dos Cem Anos, no Anno Domini 1377. Isso me incomodou um pouco, por Iggulden não falar que estava acontecendo a Guerra dos Cem Anos e que a Inglaterra junto com a Borgonha estava lutando contra a França e a Escócia pelo domínio territorial de onde hoje corresponde atual norte e oeste a França. Contudo, Iggulden fez um incrível trabalho ao colocar todos os personagens em uma lista de personagens, colocar cinco árvores genealógicas das principais famílias e três mapas representando o período, sem contar com um mapa de contracapa incrível.
 Como disse anteriormente, o livro começa com um prólogo do rei Eduardo em seu leito de morte em 1377. Não muita coisa importante neste prólogo, só ele conversando com a criada e amante, e depois seus três filhos vivos. Dali temos um pulo histórico de sessenta e seis anos após a morte de Eduardo III, onde também nesse longo período o rei Henrique V, o grande leão da Inglaterra, viveu e morreu. Assim, estamos no Anno Domini 1443, após anos de regência no trono da Inglaterra. O atual rei é Henrique VI, um rei fraco militar, físico e mentalmente. Henrique VI está mais para um padre do que um rei, porque logo nesse começo já o vemos rezando quando William de la Pole e Derry Brewer chegam para conversar sobre um possível armistício com a França do rei Carlos VII, que também era tio de Henrique VI. A descrição feita por Iggulden logo nesse começo é incrível, dá até para sentir o frio do inverno na Inglaterra. No término da conversa, Henrique VI aceita o que lhe foi proposto, manda Derry ir buscar essa princesa francesa e volta para suas orações.
 Em seguida conhecemos Margarida de Anjou, da França, a jovem com quem Henrique VI irá se casar. Ela é uma personagem que gostei muito. Ela tem uma personalidade muito forte, e (não quero dar spoilers, mas...) quando ela casa-se com Henrique VI e ele fica doente, de novo, em um momento crucial, ela consegue comandar muito bem a Inglaterra. O começo da história dela é bem parado, só fica naquela coisa de menina rica que está ficando pobre e ainda tem que aturar as brincadeiras de mal gosto dos irmãos mais velhos. Mas tudo começa a mudar quando William de la Pole chega para levá-la para o casamento, onde estarão presente as pessoas mais ricas e poderosas da França e Inglaterra.
 Entretanto, alguns lordes não ficaram felizes com a decisão do armistício e devolução de terras a Carlos VII por Henrique VI, principalmente Ricardo Plantageneta, duque de York, que também era lorde dos territórios de Anjou e Maine na França. York acredita que foram William e Derry que fizeram a cabeça de Henrique VI para assinar o armistício, e em parte foram sim. Devido à perda de territórios, York é mandado para a Irlanda por Henrique VI para se tornar lorde lá, e é claro que ele não gosta disso. York é um personagem muito calculista, e sua mulher, Cecily da casa Neville, não fica atrás. Para não "desobedecer" seu rei, ele vai para a Irlanda. Contudo, ele sabe que revoltas começarão em Anjou e Maine, e não levanta um dedo para ajudar seu rei a controlar e tirar os camponeses dessas terras. O problema começa aí, sem mais informações.
 Derry Brewer, o espião-mor do rei, é disparado o melhor personagem do livro. Ele mesmo diz que não aceitou ainda algum título de nobreza porque isso poderia mexer com a cabeça dele, e acho certo da parte dele. Como sendo um espião, Derry não deve possuir um título, senão isso se tornaria um alvo fácil contra aqueles que o odeiam, como no caso do duque de York (spoiler se eu falar mais). Brewer resolve quase tudo sobre o armistício e o casamento de Henrique VI e Margarida de Anjou, e ao longo do livro mostra-se um fiel súdito. Mas no começo, Margarida não gosta muito dele por vários motivos, mas em uma cena do livro ele acabam se entendendo e trabalham juntos. Outro personagem fascinante é William de la Pole, duque de Suffolk. É ele que ajuda Margarida, que se encanta desde a primeira vista com os modos dele, com o casamento, e a ajuda a chegar até a Inglaterra. Não quero falar muito dele porque senão dou muitos spoilers, já tentei, mas tudo que escrevi dele acaba sendo um spoiler, tamanha a importância dele ao longo do livro.
 Vários outros personagens aparecem ao longo do livro, alguns com pequenas cenas, e outros com grandes, mas que se eu falar seria spoiler, uma vez que um personagem, Jack Cade, um camponês de Essex que se revolta contra Henrique VI e começa uma rebelião (spoiler, desculpa). E também temos Thomas Woodchurch, um fazendeiro arqueiro inglês que inicia a rebelião em Maine (spoiler de novo). Não falarei mais nesses personagens, pronto!
 Para terminar essa opinião que eu não pretendia ser tão grande quero falar que gostei de ter lido Pássaro da Tempestade, mas não entendi o por quê do título do livro; não consegui pegar ao longo da leitura, rs. Não ficarei repetitivo, porque já disse tudo o que queira em relação ao livro lá no começo. Espero que o próximo seja melhor. E antes de ir uma "Nota sobre as rosas: um dos símbolos da casa de York é uma rosa branca. Ricardo de York também usava um falcão e um javali. Tanto Henrique VI quanto Margarida usavam o cisne como símbolo. A rosa vermelha era um dos muitos símbolos heráldicos da casa de Lancaster (de João de Gaunt, duque de Lancaster). O conceito de uma guerra entre as rosas é uma invenção Tudor e não havia noção de branco contra vermelho na época. A verdadeira luta era entre as diversas linhagens masculinas de Eduardo III: homens de grande poder, todos em busca do trono. Mas foram as fraquezas do rei Henrique VI que deram ousadia a seus inimigos e mergulharam o país na guerra civil.".
 Até o próximo.

 Se você gostou de Pássaro da Tempestade, pode gostar também de:
 A Busca do Graal, de Bernard Cornwell;
 As Crônicas de Artur ou do Senhor da Guerra, de Bernard Cornwell;
 O Último Reino, livro I das Crônicas Saxônicas, de Bernard Cornwell;
 O Forte, de Bernard Cornwell;
 O Condenado, de Bernard Cornwell.

2 comentários:

  1. Excelente texto!
    Sabe me dizer se já tem data de lançamento do volume 2 em português? Abraços!!!

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    1. Muito obrigado Juliana.
      O Grupo Editorial Record ainda não anunciou sobre o segundo livro, e acredito que nem fora do país ele foi publicado ainda.

      Abraços!

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