13 de dezembro de 2014

Excalibur - Livro III d'As Crônicas de Artur, de Bernard Cornwell

 Aviso: A sinopse abaixo contém Spoilers do final d'O Inimigo de Deus, e, consequentemente, d'O Rei do Inverno.
 Sinopse: [...] A partir de fatos históricos comprovados, ele [Bernard] criou uma Britânia realista, exatamente como deve ter sido no século V, época em que Artur teria vivido. Sobre esse cenário, reconstruiu a vida dessa figura lendária em uma série de romances que se encerra com Excalibur. Este último episódio, a Britânia está mergulhada em trevas profundas. O rei Mordred governa com mão de ferro, e Artur, separado de Guinevere após ser traído por ela, vê seus sonhos de paz desmoronarem. Em sua eterna luta para unir todo o reino, Artur enfrenta inimigos poderosos e inesperados: os antigos deuses britânicos, que poderão ser combatidos apenas com a conversão de Artur ao cristianismo. Um conflito que tem seu clímax na Batalha de Mynyd Baddon, um combate memorável que originou as lendas em torno de Artur que chegaram até os nossos dias.
 Excalibur encerra a trilogia iniciada com O Rei do Inverno, levando aos leitores a vida de Artur e seu mundo com uma nitidez espantosa, jamais conseguida em outras narrativas. É a história de um homem que luta por seus ideais em uma era brutal, prejudicado por suspeitas e magias do passado, rodeado por intrigas, e que depende apenas de sua habilidade na guerra e do talento para a liderança. Um romance empolgante que revela fatos históricos sobre Artur e seu mundo, imortalizados por bardos que há séculos cantam e contam as aventuras do maior herói de todos os tempos.

 Aviso: A opinião que se segue abaixo pode ter alguns Spoilers dos livros anteriores e desse. Mas evitei colocar informações de grande importância desse livro. Você foi avisado.

 Opinião: Demorei um pouco para ler e para fazer esse post, mas terminei e estou postando com uma dor no coração, porque infelizmente As Crônicas de Artur acabou, e como acabou. Reviravoltas e mais reviravoltas ao longo da história toda, e não só com Derfel ou Artur, mas com todos as pessoas que os rodeiam também. E concordo com Derfel que esse é o livro mais sombrio de todos, contudo, ele possui seus momentos de leveza, mesmo que estes sejam bem pouco e incomparáveis com os sombrios, que chocam demais as vezes. Se você se quiser ler as minhas opiniões a respeito dos dois livros anteriores, basta clicar aqui.
 O livro começa com Derfel já idoso falando com Igraine sobre o que Artur fez com Guinevere após descobrir sua traição com Lancelot no Templo de Ísis, no Palácio do Mar, próximo à fronteira da Terra dos Bélgicos. Logo após Derfel continua contando sua história e já de cara temos ele conversando com Merlin sobre a mesma coisa. Merlin continua com a ideia de construir sua grande fogueira do Mai Dun, onde ele e Nimue, principalmente, acham que os deuses retornarão à terra e livrará os indesejáveis cristãos e saxões da ilha da Britânia. A primeira parte do livro é basicamente voltada para esse acontecimento, com os preparativos e afins, e que possui seu clímax no final da primeira parte, e que não quero contar senão dou um grande spoiler. Um pouco antes das fogueiras do Mai Dun, Merlin afirma à população que os deuses já estão mandando sinais à eles, como um ser que brilha no escuro que aparece misteriosamente em um castelo que não lembro qual.
 Após os acontecimentos das fogueiras do Mai Dun, a Britânia entra em completa escuridão e sofrimento. O fracasso causado foi tão grande que Merlin sente isso de tal maneira que o vemos cada vez mais velho, e Nimue simplesmente some da face da Terra, ninguém sabe onde ela está. E logo Merlin também some. Os saxões planejam invadir a Dumnonia e rasgar o reino ao meio. Então Artur começa a reunir seu exército, mesmo sabendo que será inferior ao dos saxões, que recebem mais soldados a cada dia que passa vindo do outro lado do Mar Germânico. E Mordred que continua o mesmo de sempre, mas reviravoltas, que são spoilers, o "tiram" do trono: ele continua sendo o rei, mas sem influência nenhuma de mandar (como o é na Inglaterra hoje, onde a Rainha Elizabeth II é somente uma Chefe de Estado, ou seja, representa o Estado Nacional Inglês, e o Primeiro-Ministro, um Chefe de Governo, ou seja, governa o país a partir do Poder Executivo). Contudo, Mordred toma um gosto pela batalha, torna-se um exímio soldado e mata com uma voracidade grandiosa, com nenhuma piedade.
 É durante a Batalha do Mynyd Baddon que Guinevere torna-se de novo uma personagem que eu gosto. Ela possui uma fibra incrível e não tem medo da batalha iminente, até faz uma coisa que ajuda os soldados de Derfel no Mynyd Baddon (mas por que ela está ali? Leiam o livro e saberão, rs). Guinevere ganha um maior destaque no livro até o final.
 Mas é na parte intitulada A Maldição de Nimue que as coisas ficam mais sombrias e começam ir de mal a pior. E quando digo pior é ruim mesmo. Nimue está mais louca do que nunca, mas sua loucura tem uma explicação: ela não se conforma com o erro causado por Merlin nas fogueiras do Mai Dun, e ainda quer que a antiga religião e tradições continuem vivas. O cristianismo se espalha pela ilha com uma velocidade absurda, e por isso que acabei entendendo Nimue, mas é triste perceber que uma mulher que tinha tudo para ser uma incrível druida, podendo ser no mesmo nível de Merlin, chegar à demência do jeito que ela chega.
 E para finalizar, como todos sabemos (se você leu os livros anteriores antes dessa humilde opinião) Derfel é cristão quando conta a história para a rainha Igraine, e nesse livro ele nos conta como isso ocorreu e também como perdeu a mão. É uma cena triste e desesperadora, porque ao mesmo tempo que ele quer continuar a ser fiel aos seus deuses, tem que converter-se para salvar uma pessoa da morte. Mas o final, para mim, é o mais incrível, e não é à-toa que é justamente a última batalha do livro que dá a Artur o título de herói que hoje conhecemos. Com o final de Excalibur eu me senti um órfão. Ainda estou de ressaca literária, porque não consegui pegar nenhum livro de fantasia ou fantasia-histórica para ler. Só tenho uma coisa a falar sobre Artur: ARTUR, O REI QUE NUNCA FOI, O INIMIGO DE DEUS E O SENHOR DAS BATALHAS. Esse sim é/foi um verdadeiro herói, mesmo que só exista/existiu na nossa imaginação.
 Até mais.

 Se você gostou de Excalibur, pode gostar também de:
 A Busca do Graal, de Bernard Cornwell;
 O Último Reino, de Bernard Cornwell;
 O Condenado, de Bernard Cornwell;
 O Forte, de Bernard Cornwell;
 As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin;
 A Crônica do Matador do Rei, de Patrick Rothfuss;
 O coração dos heróis, de David Malouf.

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