22 de janeiro de 2014

O conto da ilha desconhecida, de José Saramago

 Sinopse: Um homem vai até ao rei e lhe pede um barco para viajar até uma ilha desconhecida. O rei lhe pergunta como pode saber que essa ilha existe, já que é desconhecida. O homem argumenta que assim são todas as ilhas até que alguém desembarque nelas.
 Este pequeno conto de José Saramago pode ser lido como uma parábola do sonho realizado, isto é, como um canto de otimismo em que a vontade ou a obstinação fazem a fantasia ancorar em porto seguro. Antes, entretanto, ela é submetida a uma série de embates com o status quo, com o estado consolidado das coisas, como se da resistência às adversidades viesse o mérito e do mérito nascesse o direito à concretização. Entre desejar um barco e tê-lo pronto para partir, o viajante vai de certo modo alterando a ideia que faz de uma ilha desconhecida e de como alcançá-la, e essa flexibilidade com certeza o torna mais apto a obter o que sonhou.

 Aviso: Tentei evitar ao máximo colocar Spoilers, mas talvez tenha um ou outro. Você foi avisado.

 Opinião: Este é a minha primeira leitura de José Saramago, e mesmo que seja muito complicado e difícil a leitura, eu gostei demais do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1998, e espero ler todos os livros dele, já estou lendo Ensaio sobre a cegueira, que já é um começo. Mas vamos às minhas opiniões, que cá entre nós, está atrasada.
 Como já foi dito na sinopse, um homem chega até o rei e lhe pede um barco para ir até a ilha desconhecida. O rei fica curioso e o pergunta para que ele quer ir a uma ilha que talvez nem exista. E o homem responde que todas as ilhas são desconhecidas até que alguém desembarque nelas. A mulher da limpeza, que foi quem atendeu o homem que pediu o barco, sai pela porta das decisões e diz que nunca mais voltará, e vai ao encontro do homem que pediu o barco, que se encontra no porto, entregando uma carta do próprio rei o homem do porto. Aqui já dá para perceber que os personagens não possuem nomes, mas sim são reconhecidos pelas suas funções ou atos.
 O conto tem sete parágrafos, mas são parágrafos muito grandes, no estilo saramaguiano, ou seja, só possui pontos finais e vírgulas, não existe travessões nem qualquer outro ponto. Assim, a leitura é difícil, sem contar que é o português de Portugal que se está escrito o conto, ou qualquer outro livro dele, uma vez que Saramago pediu que seus livros respeitassem o português de Portugal.
 A pequena história se passa todo em volta de como o homem consegue o barco e de como ele e a mulher da limpeza vão navegar até a ilha desconhecida sem uma tripulação. O otimismo que o homem tem é de uma grandeza impressionante. Ele faz de tudo para conseguir um barco e, mesmo sem tripulação, ele sai a caminho da ilha desconhecida. Uma passagem que eu achei muito legal foi essa: "Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós...". Mesmo sendo um pouco complexo e de difícil entendimento, conseguimos entender o que Saramago queria passar para nós neste conto, que todos devemos sair de nós mesmos para poder encontrar o que mais se deseja.
 Até o próximo.

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